No universo organizacional, até agora, o foco está nos indivíduos, ou seja, nas pessoas em si, suas características, pensamentos, sentimentos, comportamentos e desenvolvimento pessoal. Inclusive o foco das tecnologias de “people analytics” é nas pessoas: se estão felizes, saudáveis, engajadas, produtivas, etc. Entende-se o indivíduo de forma isolada, considerando suas necessidades, competências, motivações ou potencialidades.
Quando falamos em termos de ONA, análise de redes organizacionais, o foco muda para as interações entre os indivíduos e as outras pessoas. Compreendemos como as relações influenciam o comportamento e o bem-estar da pessoa, além de identificar padrões de interação. As pessoas trabalham bem quando estão bem conectadas com as outras pessoas da organização, quando sentem que são aceitas e que suas ideias são consideradas. Engajamento e produtividade emergem de redes relacionais bem estruturadas, não é algo individual, é coletivo, tem a ver com o ambiente relacional.
Quando o foco está no desempenho e nas metas individuais, a prioridade está nos resultados pessoais e conquistas individuais. Quando a ênfase é colocada no desempenho da equipe ou do grupo o sucesso é medido pela eficácia das colaborações, alinhamento e resultados coletivos.
Em termos de cultura quando o foco está nos indivíduos a cultura organizacional é mais competitiva, pois o mérito individual é altamente valorizado. Se o foco está nas interações a cultura se torna mais colaborativa, promovendo confiança, empatia e um senso de comunidade. As pessoas sentem maior conexão com a organização e entre si, o que pode aumentar a retenção e o engajamento.
Foco nos indivíduos trata os conflitos de forma isolada, focando em “quem está errado” ou buscando soluções individuais. Quando o foco é relacional os conflitos são vistos como sintomas de problemas nas relações ou nos sistemas, e a solução busca entender as dinâmicas e ajustar as interações. Em vez de culpar um funcionário por baixa produtividade, investiga-se se há falhas na comunicação, falta de clareza nos papéis ou barreiras na interação com colegas.
No foco individual os líderes são avaliados pela sua capacidade de tomar decisões, resolver problemas e guiar equipes individualmente, ou seja, são gestores. Quando pensamos em termos de redes os líderes se tornam facilitadores de conexões, promovendo diálogos, criando ambientes de confiança e ajudando as equipes a resolver problemas em conjunto. O papel do líder muda de “gestor” para “tecelão” do tecido social da organização..
No foco individual as decisões são centralizadas ou tomadas por indivíduos específicos com autoridade definida. Quando o foco é relacional as decisões são mais participativas e robustas, envolvendo diferentes perspectivas e priorizando soluções que beneficiem o coletivo.
Quando o foco está no indivíduo acredita-se que ideias inovadoras vêm de indivíduos brilhantes. Se o foco está no coletivo a inovação é percebida como resultado da diversidade de perspectivas e do trabalho conjunto.
Há uma mudança profunda quando a lógica de interpretação da realidade muda o foco para a relação entre as pessoas: diversidade de perspectivas levando a uma melhor resolução de problemas, as pessoas se sentem parte de algo maior o que aumenta o engajamento e a satisfação, há uma redução de silos e barreiras entre departamentos e maior resiliência organizacional em momentos de crise, graças ao fortalecimento das conexões internas.
Quando o foco passa dos indivíduos para as relações, a empresa se torna um organismo mais colaborativo e integrado. Isso pode levar a resultados mais sustentáveis e inovadores, mas requer mudanças na liderança, cultura e processos. É uma abordagem que promove a ideia de que “o todo é maior do que a soma das partes”.
Foco no indivíduo | Foco nas relações | |
Unidade de análise | A pessoa isolada | A pessoa no contexto relacional |
Análise de resultados | Resultados pessoais e conquistas individuais | Eficácia das colaborações e resultados coletivos |
Cultura | Competitiva, mérito individual altamente valorizado | Colaborativa, confiança, empatia e senso de comunidade |
Liderança | Gestão, tomada de decisão e resolução de problemas | Facilitadores de conexões, promoção de diálogos e ambientes de confiança |
Tomada de decisões | Centralizadas, tomadas por indivíduos com atribuições específicas | Participativas envolvendo diferentes perspectivas |
Inovação | Indivíduos brilhantes | Resultado da diversidade de perspectivas e do trabalho conjunto |