As bolhas de Dunbar

Em 1990 um antropólogo britânico, Robin Dunbar, percebeu que existe um limite cognitivo natural para o número de pessoas com quem conseguimos manter relações sociais significativas e estáveis. Dunbar chegou a esse número comparando o tamanho do neocórtex (parte do cérebro associada à cognição social) de primatas com o tamanho médio de seus grupos sociais. A relação também se aplica aos humanos — nosso cérebro suporta, em média, 150 conexões reais antes de a gestão emocional e cognitiva começar a falhar. Dentro disso, há círculos menores: 5 pessoas: núcleo íntimo (família ou amizades mais próximas); 15 pessoas: amizades profundas; 50 pessoas: amizades regulares; 150 pessoas: contatos sociais estáveis; 500ou mais: conhecidos; 1500+: rostos reconhecíveis.

Segundo pesquisas globais (como da GWI e Datareportal), cada um de nós está conectado, em média, a sete mídias sociais que são ativamente usadas: Whatsapp, Instagram, Telegram, Youtube, Facebook, Linkedin, X, TikTok, etc.

Além das conexões digitais, as pessoas estão conectada a: equipes de trabalho, colegas de faculdade ou curso, comunidade espiritual/religiosa, grupos de hobby (yoga, música, futebol, etc) e comunidades online (fóruns, jogos, fandoms, etc).

Então, cada um de nós está conectado a várias redes simultaneamente: família, amigos, trabalho, vizinhança, grupos sociais, comunidades online, comunidades religiosas, etc.

No dia 1 de janeiro de 2025 a comunidade mundial, a rede-mãe, era de 8,09 bilhões de pessoas, mas cada um de nós só se conecta ativamente, em média, a 150 pessoas, uns mais outros menos. Isso significa que toda a realidade que criamos e vivemos vem dos fluxos de informações trocados com essas poucas pessoas. É claro que há que se considerar que os fluxos carregam informações de outras pessoas para além das 150 com as quais nos relacionamos ativamente. No entanto, é importante notar que tendemos a confiar mais em narrativas (sejam ou não verdadeiras) de pessoas conhecidas e que se encaixem nas nossas crenças. Então, quando ouvimos/dizemos expressões comuns, como por exemplo: “todo mundo está dizendo/fazendo isso ou aquilo” estamos apenas nos referindo à minúscula bolha na qual vivemos. Existem zilhões de outras bolhas: a sociedade humana é vasta, diversa e fluída.

A rigor a expressão “todo mundo está fazendo isso” deveria ser substituída pela expressão “a maioria das pessoas com as quais me conecto está fazendo isso”. Afinal nenhum de nós é o centro do mundo, certo? Nenhuma bolha reina, nem tem o monopólio da verdade. Para reflexão!