Qualquer guerra é um desastre relacional

As guerras são desastres relacionais porque destroem as bases das relações humanas em vários níveis. Elas rompem laços familiares, comunitários e internacionais, criando divisões que podem durar gerações.

As guerras levam à morte de pessoas, muitas vezes em grande escala, destruindo famílias. Pais perdem filhos, crianças ficam órfãs, e essas perdas nas redes de primeiro grau deixam cicatrizes emocionais profundas. O trauma da guerra pode atravessar gerações, impactando a saúde mental e as dinâmicas familiares.

Milhões de pessoas são deslocadas de suas casas, criando uma crise de refugiados. Esse deslocamento não é somente físico mas principalmente social e emocional já que as pessoas perdem suas raízes, redes de apoio e a coesão de suas comunidades.

Guerras muitas vezes resultam em divisões internas dentro dos países envolvidos, levando à polarização social. Cidadãos podem se ver como inimigos, especialmente em guerras civis, onde vizinhos se tornam adversários. O resultado é a perda de confiança nas instituições e uns nos outros.

O ódio é alimentado durante os conflitos, e as guerras deixam um legado de ressentimento entre grupos étnicos, religiosos ou políticos. Isso pode perpetuar conflitos por décadas, como vemos em lugares como o Oriente Médio, onde disputas seculares são intensificadas pela violência.

Nações envolvidas em guerras podem se isolar internacionalmente ou sofrer sanções, o que afeta suas relações diplomáticas e comerciais com o resto do mundo. Isso prejudica a cooperação internacional e a resolução de conflitos futuros.

O ressentimento entre nações (redes de pessoas) após uma guerra pode levar a uma nova corrida armamentista ou a um ciclo de vingança, o que dificulta qualquer tentativa de construir paz duradoura.

Guerras destroem economias, resultando em pobreza generalizada. Quando os recursos são esgotados para financiar o esforço de guerra, as necessidades sociais básicas, como educação e saúde, são negligenciadas, criando desigualdade e distorcendo o tecido social.

Em um mundo interconectado, guerras em uma região podem impactar as cadeias de suprimentos globais (redes de pessoas), aumentar a volatilidade nos mercados (redes de pessoas) e criar uma sensação de insegurança econômica que afeta as relações comerciais e culturais entre países (redes de pessoas).

A guerra quase sempre leva à desumanização dos “outros”. As partes envolvidas começam a ver o inimigo como menos humano, o que facilita a violência extrema. Essa desumanização pode continuar mesmo após o fim do conflito, dificultando a reconciliação e a reconstrução de relações de respeito e entendimento.

Durante guerras, normas éticas e legais são frequentemente quebradas, seja por crimes de guerra, genocídios ou violações de direitos humanos. Essas violações minam a confiança na civilidade e no direito internacional.

Em suma, as guerras funcionam como desastres relacionais porque destroem a essência das conexões humanas — desde as mais íntimas, como laços familiares, até as mais amplas, como as relações internacionais. As consequências dessas rupturas vão além da duração dos combates, perpetuando ciclos de dor, desconfiança e divisão.

É espantoso que em todos os milênios de existência da sociedade humana, que sempre foram fartos em guerras de todos os tipos, ainda não tenhamos aprendido nada! Estaremos condenados ao ódio perpétuo?