O trabalho relacional é tão antigo quanto a humanidade. Ao longo da história humana a sobrevivência e o desenvolvimento social sempre dependeram de conexões sociais. Nossos ancestrais paleolíticos dependiam de cooperação para caçar, coletar, criar a prole e gerir conflitos. Empatia, confiança e colaboração eram características essenciais para a sobrevivência em ambientes hostis e para a evolução da sociedade. Isso é uma verdade para qualquer período histórico que queiramos analisar.
A sociedade, desde seus primórdios foi, e continua sendo, um fenômeno de emergência criativa que acontece a partir do fluxo de informações entre as pessoas que a compõem. As redes de governança, independente do período histórico, quer sejam corporativas, governamentais, ou de qualquer outro tipo, sempre se basearam na capacidade de tecer relações sociais eficazes. No entanto só agora, após milênios, estamos sendo capazes de perceber isso. É a mudança na nossa percepção que é a grande novidade.
A Inteligência Artificial (IA) está sendo rapidamente adotada pela nossa sociedade. O cérebro humano não tem a capacidade de processar enormes quantidades de informações. A IA vem para preencher essa lacuna. O trabalho de todos nós (gestores ou não) ficou muito mais simples utilizando algum modelo de IA para analisar dados, escrever textos, criar imagens, histórias e qualquer coisa que se puder imaginar. Todos nós no mundo corporativo adotamos, em maior ou menor medida, ao menos uma IA. Existem IA´s para quase qualquer coisa e todos sabemos disso.
Neste contexto, talvez o trabalho relacional seja a cola que une a tecnologia aos valores humanos. Sem o trabalho relacional existe o risco de que a IA se torne uma ferramenta de alienação e/ou controle. A transparência sobre como os algoritmos são desenvolvidos para desmistificar a IA, a empatia para priorizar a dignidade humana e a colaboração para distribuir o poder de forma equitativa é que vão amplificar a capacidade da sociedade de resolver problemas coletivamente. Todas essas questões são relacionais.
O trabalho relacional é uma força adaptativa e atemporal que molda a existência humana. As suas formas evoluem – das tradições orais às interações mediadas pela IA – mas a sua essência permanece: promover ligações que sustentam indivíduos e sociedades. O reconhecimento da sua profundidade histórica enriquece a nossa apreciação do seu papel na abordagem dos desafios contemporâneos, desde a dinâmica do local de trabalho até à diplomacia global.